Entidades de comunicação pedem a aprovação do “PL das Fake News” em carta ao Congresso

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No documento, com o título “PL 2630/20, a vez da verdade”, as entidades manifestam apoio à aprovação do PL e criticam resistência das gigantes de tecnologia

A Coalizão Liberdade com Responsabilidade, que reúne 43 entidades nacionais e estaduais de comunicação do país, lançou uma carta em apoio à aprovação do PL 2630/2020, conhecido como “PL das Fake News”. No documento, com o título “PL 2630/20, a vez da verdade”, pedem que Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados, e Rodrigo Pacheco, presidente do Senado Federal, deem “prioridade na deliberação” do PL.

O texto está na Câmara e a expectativa é de que seja votado em breve, retornando depois para a apreciação no Senado. Segundo as entidades, a versão do PL que foi apresentado na semana passada reflete a maturidade das discussões sobre o tema.

“Recentemente, veio a público uma versão de texto que avança em pontos relevantes  sobre a proposta legislativa do grupo de trabalho criado exclusivamente para tratar do  tema. A nova versão reflete a maturidade do PL 2630/2020, que está pronto para  apreciação no plenário da Câmara dos Deputados.”, afirmam.

Entre as entidades que integram a Coalização e assinam o texto, estão Abap (Associação Brasileira de Agências de Publicidade), Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão), ANJ (Associação Nacional de Jornais, Fenapro (Federação Nacional das Agências de Propaganda), Central do Outdoor e APP (Associação dos Profissionais de Propaganda).

Na carta, as entidades criticam a resistência das gigantes de tecnologia, que soltaram posicionamento em conjunto contra a aprovação do PL e também realizaram campanhas publicitárias, como é o caso do Facebook. Dizem também que as empresas de tecnologia praticam “clara desinformação” quando afirmam que o PL “vedaria a publicidade ou serviços digitais”.

“Observe-se que a lei determina importantes obrigações de transparência, fundamentais  tanto para os usuários se protegerem de abusos das grandes plataformas quanto para as  autoridades fiscalizadoras. Assim, diferentemente do propagado por gigantes digitais, o projeto não acabará com a  publicidade digital. Pelo contrário, aumentará a transparência sobre anúncios e  impulsionamentos, que muitas vezes financiam a desinformação e discursos de ódio”, destacam em outra trecho da carta.

Leia a carta na íntegra:

PL 2630/20, a vez da verdade

A COALIZÃO LIBERDADE COM RESPONSABILIDADE, aliança que congrega  43 entidades nacionais e estaduais de comunicação do país, vem manifestar apoio à  aprovação do PL 2630/2020, solicitando à Câmara dos Deputados, na pessoa do seu  presidente, deputado Arthur Lira, e ao Senado Federal, na pessoa do presidente Rodrigo  Pacheco, prioridade na deliberação do chamado “PL das Fake News”.

Recentemente, veio a público uma versão de texto que avança em pontos relevantes  sobre a proposta legislativa do grupo de trabalho criado exclusivamente para tratar do  tema. A nova versão reflete a maturidade do PL 2630/2020, que está pronto para  apreciação no plenário da Câmara dos Deputados.

É de esperar que as gigantes de tecnologia resistam a qualquer tipo de regulação, um comportamento que se repete em todos os países que discutem regramentos para essa  indústria. A Europa, por exemplo, está bastante avançada com o seu Digital Markets  Act, assim como o Canadá quanto à remuneração de conteúdo jornalístico, que já é uma  realidade na França e Austrália.

As grandes plataformas são empresas responsáveis por moldar novas formas de as  pessoas trabalharem, se comunicarem, comprarem, venderem e consumirem produtos e  serviços. É justamente diante da essencialidade desses serviços e do poder de mercado  digital que a regulação se impõe. E o PL 2630/2020 é a resposta, por intermédio de um  texto amplamente debatido no Congresso brasileiro.

Observe-se que a lei determina importantes obrigações de transparência, fundamentais  tanto para os usuários se protegerem de abusos das grandes plataformas quanto para as  autoridades fiscalizadoras.

Assim, diferentemente do propagado por gigantes digitais, o projeto não acabará com a  publicidade digital. Pelo contrário, aumentará a transparência sobre anúncios e  impulsionamentos, que muitas vezes financiam a desinformação e discursos de ódio.

É uma clara desinformação, aliás, afirmar que o projeto vedaria a publicidade ou  serviços digitais. O texto, na realidade, garante que serviços e pequenos negócios  prestados em associação com as plataformas não sejam alvejados pela concorrência  desleal ou pelo abuso do poder econômico no tratamento de dados.

O PL 2630 também cria mecanismos de maior transparência na moderação de  conteúdos e busca atacar condutas hoje ocultas que atuam de forma coordenada em rede  para intoxicar o debate público e distorcer a realidade. A lei também não impõe regras  ou códigos de condutas, que, de forma acertada, permanecem sendo de autoria das big  techs.

Por fim, outro tema que merece ser tratado com transparência é a justa remuneração do  conteúdo jornalístico profissional, que vem a ser a mais legítima e natural barreira  contra a desinformação. Conteúdos de veículos de imprensa são insumo primordial para  serviços digitais essenciais. Sem jornalismo, inexiste democracia e, no seu vácuo,  florescem as fake news.

O projeto não esgota o tema, mas abre a necessidade da sua regulamentação após nova  e específica discussão. A coalizão entende desde já que devem ser alcançados pela  remuneração todos os que produzem de forma regular e profissional conteúdo de  imprensa original e que mantenham endereço físico e editor responsável no país.

Há muito se fala em sociedade da informação e do conhecimento e dos caminhos para  persegui-la. Certamente, não há caminho fora da Estado de Direito e do respeito às leis.  É dever da democracia lutar pela sua preservação. E todo e qualquer Estado soberano,  como é a finalidade do PL 2630, tem por objetivo garantir que o respeito às regras e à  civilidade sejam aplicados a todos, indistintamente de sua natureza.